Introdução
A doença coronária continua a ser uma das principais causas de morte, sendo responsável por cerca de um terço dos óbitos, sobretudo em homens (chega a ser cinco vezes mais elevada nos homens em relação às mulheres em idade não avançada).
Mas, se os números ainda são preocupantes, até à década de 80 eram ainda piores, pois não havia praticamente formas de diagnóstico precoce e as soluções preventivas eram insuficientes. Isso fazia com que, quem padecia de alguma forma de doença coronária, acabasse muitas vezes por sofrer repercussões, na maioria das vezes com um desfecho infeliz.
O que é a doença coronária?
A doença coronariana é caracterizada pelo comprometimento do fluxo sanguíneo das artérias coronárias, frequentemente devido à formação de ateromas (placas de aterosclerose) que interferem com a passagem normal do sangue. A grave restrição do fluxo sanguíneo através das artérias coronárias, pode levar à isquemia silenciosa, angina do peito, angina instável ou, em casos extremos, um enfarte agudo do miocárdio (ataque cardíaco), o que pode ser fatal se não houver uma rápida intervenção médica.
O tratamento médico na doença coronária
Por ser bastante preocupante, a doença coronária é uma situação clínica que necessita de ser prevenida a todo o custo. É por isso que, em pessoas que apresentem fatores de risco (como os fumadores, os diabéticos, os hipertensos, os obesos, etc.), é necessário um controlo muito atento ao estado de saúde do sistema cardiovascular. Para isso devem ser feitos exames médicos de controlo regulares, tais como as provas de esforço, o ecocardiograma de sobrecarga, o angio-TAC coronário, a cintigrafia de perfusão do miocárdio, a ressonância magnética cardíaca ou a angiografia coronária.
Diagnosticada a doença coronária, o tratamento médico é baseado em medicamentos que ajudam a diminuir os fatores de risco (colesterol, hipertensão arterial, etc.), sendo também recomendado a mudança de hábitos de vida e também de alimentação. Em casos dramáticos de obstrução do fluxo sanguíneo, pode haver a necessidade de um procedimento médico de forma a restaurar a circulação de sangue, tal como a angioplastia com stent ou a cirurgia de revascularização mio cardíaca (bypass).
A doença coronária segundo a visão da MTC
Basicamente, podemos definir a doença coronária como uma patologia que afeta o sistema cardiovascular, o que compromete o fluxo sanguíneo devido ao aparecimento de placas de aterosclerose. Esta situação é designada por "Xiong Bi" (胸痹), que significa “opressão no peito”, podendo também ser mais especificamente denominada Síndrome de Estase de Sangue – "Xue Yu" (血瘀).
As principais causas deste síndrome energético são:
- Flema-Humidade-Calor, que lesa os vasos sanguíneos e leva ao aparecimento de placas de aterosclerose. Está associada à hipercolesterolemia (colesterol elevado), diabetes, obesidade, etc.
- Bloqueio do Qi (em particular do Qi do Fígado), que provoca tensão nos vasos sanguíneos, resultando em vasoconstrição. Esta síndrome está correlacionada com a hipertensão arterial e é frequentemente desencadeada por alterações do Shen devido a emoções negativas, stress, ansiedade, alterações hepáticas, entre outras.
- Deficiência do Qi torácico, resultante da deficiência do Qi do Coração e/ou do Qi do Pulmão.
É muito comum a combinação de alguns destes síndromes energéticos na génese da doença coronária, razão pela qual apenas um especialista em medicina chinesa pode aferir quais estão implicados e em que grau influenciam a condição do paciente, e com isso criar uma solução que corrija o(s) desequilíbrio(s) energético(s) que tratem a patologia.
Como a MTC pode atuar na doença coronária
A atuação da medicina tradicional chinesa na doença coronária pode ser muito relevante de duas maneiras:
- Ao reduzir os fatores de risco que levam à obstrução dos vasos sanguíneos (como por exemplo, no caso do colesterol elevado, onde a MTC regula o organismo para equilibrar os níveis de colesterol, podendo complementar a ação dos medicamentos convencionais e otimizar o funcionamento do organismo do paciente.)
- ao melhorar a saúde energética dos vasos sanguíneos e do coração, (ler o nosso artigo As coronárias dependem da Zong Qi (energia do pulmão)”, do Dr. Pedro Choy.
Estas são apenas alguns dos aspetos que fazem da MTC um recurso interessante, tanto no tratamento como na prevenção da doença coronária.
Uma melhor prevenção quando se aliam as duas abordagens terapêuticas
A inclusão da MTC no tratamento da doença coronária não descarta o uso da medicina convencional, sendo essenciais a vigilância médica contínua e o uso de medicamentos preventivos. Embora estes últimos tenham uma ação positiva na prevenção de síndromes agudas, podem não ser suficientes para interromper o processo degenerativo gradual do sistema cardiovascular, que vai ocorrendo lentamente ao longo de muitos anos. Por isso, a inclusão da medicina chinesa como reforço terapêutico é fundamental, criando, inclusive, uma sinergia superior quando essas duas abordagens terapêuticas se aliam.
Outra razão para se recorrer à MTC na prevenção e tratamento desta patologia, é esta dar um contributo importante sobre vários fatores frequentemente negligenciados pela medicina ocidental. Entre eles, destaca-se a:
- Gestão única que a MTC proporciona ao estado mental e emocional do paciente, uma vez que o stress e as emoções negativas têm um impacto significativo nesta doença:
- Capacidade da MTC em regular o organismo, contribuindo para a preservação do sistema cardiovascular de múltiplas formas, a longo prazo.
Conclusão
Embora a medicina convencional tenha melhorado consideravelmente a sua capacidade de tratar a doença coronária nestas últimas décadas, especialmente na prevenção de crises agudas, os números de mortes ainda são elevados.
Isso demonstra a necessidade de incluir novos elementos na prevenção e no tratamento da doença coronária, sendo a medicina chinesa um dos mais fortes aliados a que pode recorrer.
Se sofre desta condição cardíaca, procure os nossos tratamentos como complemento ao seu acompanhamento médico, pois isso poderá aumentar as suas possibilidades de prevenir as consequências nefastas da doença, podendo, em determinados casos, até chegar a revertê-la.