"A obesidade é uma doença crónica e com origens diversas, que é, sobretudo, preciso prevenir. No entanto, quando já esteja declarada, é uma doença difícil de combater, especialmente em crianças, alvos fáceis das comidas menos saudáveis. Em 2015, Portugal tinha 33% de crianças, entre os dois e os 12 anos, com excesso de peso, de acordo com notícias veiculadas pela comunicação social.
Como as células da gordura (adipócitos) só se multiplicam até à puberdade, uma criança obesa será um adulto com maior número de células gordas e, logo, com maior propensão para engordar facilmente.
A obesidade surge nas crianças, sobretudo, porque à sua volta as solicitações são muitas e não só para elas, mas também para os pais e educadores. Ou seja, as crianças não nascem gordas ou obesas, é algo que lhes acontece. Trata-se de obesidade adquirida, e portanto, maioritariamente relacionada com fatores não genéticos.
A prevenção deste problema deve começar logo na gestação, com a grávida a ter em atenção aquilo que ingere, dando preferência aos alimentos saudáveis e evitando ganhar peso desnecessário. O aleitamento é também muito importante e deve ser encorajado e mantido o máximo tempo possível, evitando a introdução precoce de alimentos sólidos. Depois, vem a fase em que é preciso educar os nossos filhos a terem bons hábitos alimentares e a praticarem atividade física.
A obesidade implica toda uma série de complicações, a nível hormonal, metabólico, cardiovascular, respiratório, ósseo, articular, digestivo e até mesmo a nível social e psicológico, com a promoção e o culto da magreza que hoje em dia existe.
A medicina chinesa tem programas de perda de peso com bons resultados e que podem ser feitos, de forma saudável, por crianças. Estamos a falar de uma doença dos mais novos para a qual existe pouca sensibilização, mas a obesidade é vista pela Organização Mundial de Saúde como uma epidemia. Isto porque as suas consequências a longo prazo passam pela diminuição da espectativa de vida, pelo aumento de toda uma série de patologias, das quais são exemplo as cardiovasculares, a diabetes, o cancro, etc. Isto para além dos distúrbios de personalidade que acarreta ser-se diferente daquilo que a sociedade nos diz para ser o "aspeto correto"."
Artigo de autoria do Dr. Pedro Choy e publicado na Revista "Nova Gente" a 01 de agosto de 2016.